terça-feira, 25 de maio de 2010

Argentina comemora hoje bicentenário da independência

A Argentina comemora nesta terça-feira (25) dois séculos desde a Revolução de Maio e a formação da Junta de Governo em Buenos Aires, momento chave no processo de emancipação do então Vice-Reino do Prata frente à metrópole espanhola.

Para celebrar a data, a chefe de governo Cristina Kirchner recebe outros presidentes da região como Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai), José Mujica (Uruguai) e Sebastián Piñera (Chile).

Entre os eventos multipresidenciais do dia está uma caminhada da Casa Rosada, que é a sede do governo, até o edifício Cabildo, onde funcionou a administração colonial argentina. À noite, Kirchner oferece um jantar para os líderes convidados.

Mas se por um lado as comemorações da data demonstram o respaldo regional da presidente, por outro fica marcado o atrito entre a chefia do governo e a oposição. Ontem, o casal Kirchner não participou da reabertura do centenário Teatro Colón, em Buenos Aires, uma cerimônia recheada de ícones da oposição, liderados pelo prefeito da capital, Mauricio Macri.

“Se for com seu marido, terá que se sentar ao lado dele, e [essa presença] não me deixa contente”, disse Macri, ao convidar à presidente para a cerimônia. Cristina respondeu que Macri poderia desfrutar da festa “tranquilo, sem presenças incômodas”.



Para o jantar de hoje, Cristina Kirchner comunicou que nenhum ex-presidente, com exceção de seu marido, será convidado. Ficaram excluídos, dessa forma, fora Carlos Menem (1989-1999), Fernándo de la Rúa (1999-2001) e Eduardo Duhalde (2002-2003).

Crise institucional

Para especialistas, esses conflitos pessoais, em plena comemoração do bicentenário, refletem a crise institucional que o país vive.

"O panorama político que vivemos, hoje, é o de conflito entre um poder presidencial decidido a não se resignar em suas pretensões e um Congresso e uma Corte Suprema dispostos a exercer sua cota respectiva de peso e contrapeso", afirmou o historiador Natalio Botana à AFP.

Uma sentença da Corte Suprema na última quarta-feira diz que a presidente Kirchner não pode governar por decretos, depois de seu partido ter perdido a maioria parlamentar nas eleições de 28 de junho de 2009.

Para a analista Graciela Römer, que acaba de publicar uma pesquisa sobre os argentinos e o bicentenário, “está sendo cozinhada em fogo brando na Argentina uma nova sensibilidade social que parece advertir que o desdém institucional, normativo e ético termina privando o país de resultados sociais e econômicos”.No início de janeiro, a presidente afastou por decreto o presidente do Banco Central sem consultar o Congresso, o que motivou um conflito com o Parlamento e com a Justiça do país.

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