segunda-feira, 11 de outubro de 2010

EUA têm primeiro tratamento de paciente com células-tronco embrionárias

WASHINGTON, 11 outubro 2010 (AFP) - Médicos americanos iniciaram o tratamento de um paciente com derivados de células-tronco embrionárias humanas como parte do primeiro teste clínico desse tipo autorizado, o primeiro no mundo para este tratamento tão promissor quanto polêmico.

O início deste estudo clínico foi anunciado nesta segunda-feira pela empresa de biotecnologia americana Geron Corporation que obteve uma autorização da Agência Federal de Medicamentos (FDA) em janeiro de 2009.

"O início do teste clínico GRNOPC1 é uma etapa importante para os tratamentos humanos com base em células-tronco embrionárias", ressalta em um comunicado o Dr Thomas Okarma, PDG da Geron.

O principal objetivo deste teste clínico, chamado de fase 1, é avaliar a segurança e a tolerância a essas células derivadas de células-tronco embrionárias -- chamadas de GRNOPC1 -- nas pessoas paralisadas devido a uma lesão da medula espinhal.

Os participantes deste estudo devem ter sofrido seu ferimento recentemente e receber os GRNOPC1 em um período de menos de 14 dias, indica Geron.

O objetivo deste teste é injetar nos voluntários paralisados células derivadas de células-tronco embrionárias humanas na esperança de que elas possam regenerar as células nervosas danificadas e, eventualmente, permitir à pessoa de recuperar a sensibilidade e a capacidade de se mover.

O primeiro paciente foi selecionado no Centro Shepherd de Reabilitação e de Pesquisas com Ferimentos na Medula Espinhal e no Cérebro de Atlanta (Geórgia, sudeste), um dos sete potenciais centros de recrutamento de pacientes nos Estados Unidos para este teste clínico.

"Quando começamos a trabalhar neste projeto em 1999, muitos previam várias décadas antes que esses tratamentos celulares seriam aprovados para testes clínicos no homem", lembrou o Dr Okarma.

Geron já havia realizado uma série de testes pré-clínicos in vitro e também em animais de laboratório.

As células-tronco embrionárias são as únicas células do organismo com a capacidade de se multiplicar sem limite e de se transformar em qualquer tipo de célula do corpo, apresentando, com isso, um enorme potencial para o tratamento, não só de lesões na medula espinhal, como também de doenças incuráveis, como o Mal de Parkinson ou a diabetes.

O maior desafio para os pesquisadores é fazer com que essas células-tronco "se diferenciem" para se transformarem nas células que eles desejam obter, sem o risco de se transformarem em células indesejáveis, como de tumores cancerosos.

Mas a pesquisa e a utilização dessas células-tronco é controversa porque elas são retiradas de embriões humanos no primeiro estágio de seu desenvolvimento (blastócito), causando a sua destruição.

Grupos religiosos e políticos conservadores se opõem a esses procedimentos. Um juiz federal congelou em agosto os recursos federais destinados à pesquisa com estas células.

No entanto, essa decisão foi suspensa no início de outubro, permitindo a manutenção destes trabalhos pelo tempo que a corte de apelações decidir.

Em um decreto de março de 2009, o presidente Barack Obama retirou as restrições à utilização de recursos públicos impostos pelo governo Bush em 2001.

Mas esse problema poderá ser contornado graças a um novo método apresentado no final de setembro e considerado promissor para reprogramar células-tronco humanas adultas (da epiderme) que são idênticas às células embrionárias, segundo esses pesquisadores.

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